Acabou de receber o diagnóstico de diverticulite e está cheio de dúvidas sobre o que pode ou não comer? Calma. Neste conteúdo, você vai descobrir como a alimentação pode ser uma grande aliada da sua saúde intestinal.
Entendendo a diverticulite
O que é e por que exige cuidado com a dieta
A diverticulite acontece quando pequenas bolsas chamadas divertículos, que se formam nas paredes do intestino, ficam inflamadas ou infeccionadas.
Essa inflamação pode surgir por causa do acúmulo de fezes ou do crescimento de bactérias dentro dessas bolsas.
Na maioria das vezes, os divertículos não causam sintomas. Mas, quando inflamam, podem provocar dor abdominal, febre, náuseas e até prisão de ventre.
Por isso, seguir uma dieta adequada é fundamental para reduzir o esforço do intestino, aliviar os sintomas e evitar crises futuras.

Como a alimentação ajuda a aliviar dor e evitar complicações
Uma alimentação adequada durante a crise de diverticulite é fundamental para reduzir a inflamação, evitar irritações no intestino, prevenir obstruções ou perfurações e favorecer uma recuperação mais rápida e segura.
Ter um cardápio bem planejado diminui o risco de complicações, previne deficiências nutricionais e ajuda a pessoa a retomar a rotina com mais confiança.
Mas afinal, o que comer na crise de diverticulite? A seguir, veja um passo a passo para cada fase do tratamento alimentar.
Fase da crise: dieta líquida e pastosa
Durante a crise de diverticulite, a dieta líquida ou pastosa ajuda a reduzir os sintomas e dá ao intestino o tempo necessário para descansar.
Primeiras 24h: líquidos claros (caldos, sucos coados, água de coco, gelatina)
Nos primeiros sinais da crise, o recomendado é uma dieta líquida restrita, com foco na hidratação:
- caldos claros, como caldo de frango ou legumes sem pedaços
- sucos de frutas coados (como maçã, pêra ou pêssego)
- água de coco
- gelatina sem açúcar
- chá de camomila ou erva-doce (sem açúcar e cafeína)
- água, no mínimo, 2 litros por dia
Também é importante evitar qualquer alimento gorduroso, condimentado ou com fibras nessa fase, pois podem estimular o intestino e piorar a dor.

Evolução para líquidos leves e pastosos: creme de arroz, sopas coadas, iogurte, purês
Se a dor diminuir, a dieta pode evoluir para alimentos pastosos e leves, como:
- cremes ou sopas coadas com vegetais leves (abóbora, inhame, abobrinha)
- purês (batata, mandioquinha, cenoura)
- sopas coadas com legumes amassados
- creme de arroz sem leite
- frango ou peixe bem cozidos e desfiados
- mingau de aveia fina (coada)
- iogurte natural sem pedaços
- picolés de fruta à base de água
Nesta fase, ainda devem ser evitados alimentos crus, grãos integrais, vegetais que causam gases (como brócolis, couve-flor, repolho) e frituras.
Atenção: Se os sintomas piorarem ou não melhorarem, procure um médico antes de avançar na dieta.
Recuperação: reintrodução gradual de alimentos
Superada a fase crítica da diverticulite, chega o momento de cuidar da recuperação e a alimentação continua sendo fundamental nesse processo.
Na fase de recuperação, o ideal é começar com alimentos sólidos leves, que não sobrecarregam o intestino, como:
- arroz branco bem cozido
- batata cozida ou purê sem gordura excessiva
- macarrão simples (não integral)
- pão branco ou biscoitos sem fibras ou recheios

As proteínas magras também são essenciais para a cicatrização e manutenção da saúde. Algumas opções são:
- frango ou peru grelhado, cozido ou desfiado
- peixes magros como tilápia ou pescada
- ovos cozidos ou mexidos sem muita gordura
- iogurte natural, se bem tolerado
À medida que os dias passam e o intestino demonstra estar se comportando bem, é possível reintroduzir as fibras pouco a pouco. Mas é importante voltar à dieta com cautela, seguindo sempre as orientações do seu médico ou nutricionista.
Com paciência, atenção ao corpo e um plano alimentar bem estruturado, é possível voltar a ter uma alimentação variada e saborosa, sem abrir mão da saúde do intestino.
Prevenção de novas crises
A importância da fibra e hidratação a longo prazo (2 L/dia)
Depois de passar por uma crise de diverticulite, é importante cuidar da alimentação para evitar novas inflamações e manter o intestino saudável.
Uma dieta equilibrada, rica em fibras e acompanhada de bastante líquido, ajuda a formar fezes mais macias e fáceis de eliminar, reduzindo a pressão dentro do cólon.
No entanto, as fibras devem ser reintroduzidas aos poucos, sempre sob orientação médica ou nutricional, para não causar desconforto.

Reintrodução segura: frutas e vegetais com casca, grãos integrais, legumes, probióticos
Veja algumas orientações práticas para fazer uma reintrodução segura:
- Inclua fibras aos poucos, começando por frutas sem casca ou legumes cozidos. Aos poucos, introduza vegetais crus e cereais integrais.
- Beba bastante água, pelo menos 2 litros ao dia, para ajudar as fibras a fazerem seu papel no intestino.
- Prefira refeições pequenas e frequentes, em vez de grandes volumes de comida de uma só vez.
- Evite alimentos que causam gases ou desconforto, como repolho, couve-flor, brócolis, feijão e bebidas gaseificadas, se notar que eles te fazem mal.
- Mantenha um peso saudável, pois a obesidade pode aumentar o risco de novas crises.
- Pratique atividade física leve, como caminhadas, que ajudam o intestino a funcionar melhor.
- Não fume, pois o tabagismo está relacionado a um maior risco de complicações na diverticulite.

Cardápio exemplo de 4 dias
Veja um exemplo de como montar seu cardápio para diverticulite, respeitando as fases da doença:
Dia/Refeição | Fase Líquida | Fase Cremosa/Pastosa | Fase de Transição (para dieta completa) |
Segunda-feira | |||
Café da manhã | Suco de maçã coado + gelatina sem açúcar | Chá de erva-doce + pão branco torrado | Iogurte natural com banana amassada + chá de camomila |
Lanche da manhã | Chá de camomila + água de coco | Purê de maçã | Fruta fresca sem casca (ex.: mamão ou melão) |
Almoço | Caldo de legumes coado | Frango desfiado cozido + purê de batata | Frango grelhado + arroz branco + legumes cozidos |
Lanche da tarde | Suco de melão coado | Gelatina diet | Torrada integral com queijo branco |
Jantar | Sopa líquida de frango | Creme de abóbora com cenoura | Omelete de claras + creme de cenoura |
Ceia | Chá de camomila | Chá claro | Chá calmante + fruta cozida (ex.: pera) |
Terça-feira | |||
Café da manhã | Suco de pera coado | Iogurte natural batido | Vitamina leve de leite vegetal + banana |
Lanche da manhã | Água de coco | Purê de pera | Pêssego cozido ou pera cozida |
Almoço | Caldo de frango leve | Peixe grelhado + purê de abóbora | Peixe assado + arroz branco + abobrinha cozida |
Lanche da tarde | Suco de melancia coado | Gelatina diet | Biscoito integral leve + chá de camomila |
Jantar | Sopa de legumes coada | Creme de mandioquinha | Purê de mandioquinha + frango grelhado |
Ceia | Chá claro | Chá claro | Chá claro + fruta cozida |
Quarta-feira | |||
Café da manhã | Chá de camomila | Pão branco torrado com chá | Iogurte natural com aveia |
Lanche da manhã | Suco coado de maçã | Iogurte natural com purê de maçã | Fruta sem casca |
Almoço | Caldo de carne leve | Omelete de claras + purê de batata | Carne moída magra + arroz branco + legumes cozidos |
Lanche da tarde | Suco de melão coado | Gelatina diet | Pão integral com homus |
Jantar | Sopa líquida de frango | Creme de cenoura | Creme de cenoura + ovo mexido |
Ceia | Chá calmante | Chá calmante | Chá calmante + fruta cozida |
Quinta-feira | |||
Café da manhã | Suco de melão coado | Chá verde + pão branco torrado | Iogurte natural com frutas picadas sem casca |
Lanche da manhã | Chá claro | Purê de banana | Fruta fresca sem casca (ex.: mamão ou melão) |
Almoço | Caldo leve de frango | Peixe grelhado + purê de batata | Peixe grelhado + arroz integral + espinafre cozido |
Lanche da tarde | Suco coado de pera | Gelatina diet | Biscoito integral leve + chá de camomila |
Jantar | Sopa de legumes coada | Creme de abóbora | Legumes cozidos + ovo mexido |
Ceia | Chá claro | Chá claro | Chá calmante + fruta cozida |
Dicas práticas e estilo de vida
Depois de passar por uma crise de diverticulite, é comum sentir medo de que os sintomas voltem. Mas a boa notícia é que algumas mudanças simples na rotina fazem toda a diferença na prevenção de novas inflamações. Veja a seguir os cuidados que podem ajudar a manter o intestino saudável:
Comer em porções pequenas e frequentes (4–6 refeições ao dia)
Comer de 4 a 6 vezes por dia, em pequenas quantidades, ajuda a reduzir a pressão no intestino e melhora a digestão. Também é importante evitar longos períodos em jejum ou refeições muito pesadas de uma só vez.
Evite alimentos que causam gases ou irritam o intestino
Saber o que não comer com diverticulite é tão importante quanto escolher os alimentos certos. Por isso, o ideal é reduzir ou evitar itens que aumentam a produção de gases, causam fermentação ou irritam a mucosa intestinal. Veja alguns exemplos:
- bebidas alcoólicas
- refrigerantes, água com gás e outras bebidas gaseificadas
- chás, cafés ou bebidas com cafeína ou guaraná
- leite integral e queijos muito gordurosos
- frituras, alimentos ultraprocessados e carnes embutidas
- carnes vermelhas em excesso
- temperos picantes e condimentos fortes
- leguminosas com casca (como feijão e lentilha)

Atividade física leve, repouso adequado e seguimento médico
Além da alimentação, manter uma rotina com atividade física leve (como caminhadas ou alongamentos), dormir pelo menos 8 horas por noite, evitar o cigarro, controlar o estresse e a ansiedade, e seguir com o acompanhamento médico são cuidados fundamentais para a saúde do intestino.
Dica final: cada pessoa reage de um jeito, e a melhor escolha é sempre aquela que respeita o seu tempo, os sinais do seu corpo e sua saúde. Cuidar do intestino é cuidar da qualidade de vida.
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Andrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária