Você sabia que o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais comum entre os brasileiros?
Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano, cerca de 40 mil pessoas recebem esse diagnostico — muitas delas tarde demais.
Apesar de silencioso no início, esse tipo de câncer pode ser fatal se não for identificado a tempo. A boa notícia? Quando descoberto cedo, as chances de cura aumentam consideravelmente.
O Que é o Câncer Colorretal?
O câncer colorretal é um tipo de tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso (cólon) ou no reto.
Geralmente, a maioria desses tumores começa a parir de pólipos — pequenas formações na parece interna do intestino grosso que podem crescer silenciosamente por anos antes de se tornarem cancerígenas.

O perigo está justamente na evolução silenciosa da doença. Nos estágios iniciais, o câncer colorretal pode não causar sintomas, permitindo que ele avance sem ser percebido.
Quando os sinais aparecem, o tumor já pode estar em um estágio mais agressivo. No entanto, a maioria dos casos tem cura, especialmente se identificado precocemente, antes de haver metástase (disseminação para outros órgãos).
Sintomas do Câncer Colorretal
Os sintomas do câncer colorretal podem variar conforme a localização do tumor e o estágio da doença. Inicialmente, a doença pode não causar sintomas, tornando o diagnóstico precoce um desafio.
No entanto, à medida que a doença progride, os seguintes sinais podem aparecer:
- Sangue nas fezes (avermelhado ou escurecido);
- Alteração no hábito intestinal (diarreia ou constipação persistente);
- Sensação de evacuação incompleta mesmo após ir ao banheiro;
- Fezes finas e compridas;
- Dor ou desconforto abdominal constante;
- Perda de peso sem explicação;
- Fadiga extrema e fraqueza.
Vale lembrar que esses sintomas podem estar relacionados a outras condições, mas nunca devem ser ignorados. Se notar qualquer um deles, procure um médico o quanto antes.

Fatores de Risco e Prevenção
Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento do câncer colorretal, como:
- Idade: a maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 50 anos;
- Histórico familiar: pessoas com parentes de primeiro grau que tiveram câncer colorretal têm maior risco;
- Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): condições como colite ulcerativa e doença de Crohn, aumentam o risco de câncer colorretal;
- Dieta pobre em fibras e ricas em gorduras: o consumo excessivo de carnes processadas e gorduras saturadas pode aumentar o risco de câncer colorretal;
- Sedentarismo e obesidade: a falta de atividade física e o excesso de peso aumentam o risco da doença;
- Tabagismo e alcoolismo: são fatores de risco comprovados, pois aumentam a inflamação e os danos celulares.
A prevenção do câncer colorretal é possível, e pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma grande diferença na redução do risco:
- Adote uma dieta rica em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais, e limite o consumo de carnes vermelhas e processadas;
- Pratique atividades físicas regularmente, pois ajudam a manter o peso saudável e a melhorar a função intestinal;
- Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, pois esses hábitos aumentam o risco de muitos tipos de câncer, incluindo o colorretal;
- Realize exames de rastreamento, como a colonoscopia, para detectar precocemente alterações que possam indicar câncer;
- Controle doenças pré-existentes, como diabetes ou doenças inflamatórias intestinais, pois elas aumentam o risco de câncer colorretal.

Diagnóstico e Estadiamento do Câncer Colorretal
O diagnóstico do câncer colorretal começa com uma avaliação detalhada do histórico pessoal e familiar do paciente, além de exames de rastreamento, que ajudam a identificar alterações antes que os sintomas se manifestem:
- Exame de sangue oculto nas fezes: pode detectar sinais de câncer em estágios iniciais;
- Colonoscopia: permite visualizar diretamente o interior do cólon e do reto, facilitando a detecção de pólipos e tumores;
- Retossigmoidoscopia: semelhante a colonoscopia, mas examina apenas a parte inferior do cólon e o reto;
- Ultrassonografia e tomografia: são usadas para avaliar a extensão do tumor, principalmente se houver suspeita de metástase (disseminação para outros órgãos).

Após a realização desses exames, o câncer colorretal é classificado de acordo com o estadiamento, que determina a extensão da doença.
O sistema mais utilizado para estadiar o câncer colorretal é o TNM, desenvolvido pela American Joint Committee on Cancer, que leva em consideração três critérios principais:
- T: Tamanho e extensão do tumor primário.
- N: Presença ou ausência de disseminação para os linfonodos próximos.
- M: Indicação de metástase em outros órgãos, como fígado ou pulmões.
Com base nesses critérios, o câncer colorretal é classificado em quatro estágios:
- Estágio I: O tumor está confinado à camada interna do cólon (intestino grosso) ou reto.
- Estágio II: O tumor invade camadas mais profundas do intestino, mas sem metástases.
- Estágio III: Há comprometimento de linfonodos próximos.
- Estágio IV: O câncer se espalhou para outros órgãos, como fígado ou pulmões.
Esse estadiamento é fundamental para determinar o tratamento mais adequado, seja por meio de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.
Tratamentos para o Câncer Colorretal
Se o diagnóstico de câncer colorretal for confirmado, o tratamento será definido com base no estágio da doença, a idade do paciente, seu histórico médico e estado de saúde.
Existem quatro principais formas de tratamento, que podem ser aplicados isoladamente ou em combinação, dependendo do quadro clínico:
- Cirurgia
Quando o tumor está no estágio I, a cirurgia é o principal tratamento e pode ser realizada de forma minimamente invasiva ou mais extensa.
Os procedimentos indicados são: cirurgia colonoscópica, cirurgia aberta ou colectomia laparoscópica, sem necessidade de tratamento quimioterápico adjuvante (complementar).
- Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais, podendo ser indicada para casos mais avançados, quando o câncer se espalha para outras partes do corpo, ou para reduzir a chance de recorrência após a cirurgia.
Nos tumores em estágio II, a cirurgia pode ser associada à quimioterapia pós-operatória, conforme a classificação de risco de cada paciente.
- Radioterapia
A radioterapia é um procedimento que utiliza radiação para destruir as células cancerígenas ou reduzir o tamanho do tumor.
Pode ser aplicada antes da cirurgia, para facilitar a remoção do tumor, ou após a cirurgia, para eliminar células cancerígenas remanescentes.
Quando a cirurgia não é uma opção, a radioterapia pode ser combinada com a quimioterapia para potencializar o tratamento.
- Imunoterapia
Diferente de outros tratamentos, a imunoterapia não ataca diretamente o tumor, mas estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas.
Ao ativar de forma sustentada o sistema imunológico, a imunoterapia pode manter o câncer sob controle a longo prazo, em alguns casos, até sem a necessidade contínua da medicação.

Câncer Colorretal e Qualidade de Vida
O tratamento do câncer colorretal vai além da cura da doença. A qualidade de vida do paciente deve ser prioridade, oferecendo suporte físico, emocional e social em todas as fases.
Os cuidados paliativos têm como foco aliviar os sintomas e a reduzir a dor, garantindo conforto para o paciente e sua família. Essa abordagem deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde.
Mesmo em estágios mais avançados, quando as opções de tratamento se tornam limitadas, os cuidados paliativos continuam a proporcionar dignidade e bem-estar, seja em casa ou em unidades especializadas.
A reabilitação é um processo importante para a recuperação, tanto física quanto emocional, após o tratamento do câncer colorretal. Isso envolve o acompanhamento nutricional, a adaptação ao uso de colostomia (quando necessário) e a prática de atividades físicas, sempre sob orientação médica.
Contar com um suporte contínuo — seja por meio de grupos de apoio, acompanhamento médico ou terapias complementares — ajuda pacientes e familiares enfrentem essa fase com mais segurança e qualidade de vida.
Afinal, mesmo diante dos desafios impostos pelo câncer colorretal, é possível encontrar maneiras de viver com mais conforto e bem-estar.
Andrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária