Você sabia que o câncer colorretal é o terceiro tipo de tumor mais comum entre os brasileiros?
Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano, cerca de 40 mil pessoas recebem esse diagnostico — muitas delas tarde demais.
Apesar de silencioso no início, esse tipo de câncer pode ser fatal se não for identificado a tempo. A boa notícia? Quando descoberto cedo, as chances de cura aumentam consideravelmente.
O Que é o Câncer Colorretal?
O câncer colorretal é um tipo de tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso (cólon) ou no reto.
Geralmente, a maioria desses tumores começa a parir de pólipos — pequenas formações na parece interna do intestino grosso que podem crescer silenciosamente por anos antes de se tornarem cancerígenas.
Pólipos colorretais são lesões na mucosa do cólon ou reto, que podem ser benignas ou malignas – Fonte: Adobe Stock
O perigo está justamente na evolução silenciosa da doença. Nos estágios iniciais, o câncer colorretal pode não causar sintomas, permitindo que ele avance sem ser percebido.
Quando os sinais aparecem, o tumor já pode estar em um estágio mais agressivo. No entanto, a maioria dos casos tem cura, especialmente se identificado precocemente, antes de haver metástase (disseminação para outros órgãos).
Sintomas do Câncer Colorretal
Os sintomas do câncer colorretal podem variar conforme a localização do tumor e o estágio da doença. Inicialmente, a doença pode não causar sintomas, tornando o diagnóstico precoce um desafio.
No entanto, à medida que a doença progride, os seguintes sinais podem aparecer:
- Sangue nas fezes (avermelhado ou escurecido);
- Alteração no hábito intestinal (diarreia ou constipação persistente);
- Sensação de evacuação incompleta mesmo após ir ao banheiro;
- Fezes finas e compridas;
- Dor ou desconforto abdominal constante;
- Perda de peso sem explicação;
- Fadiga extrema e fraqueza.
Vale lembrar que esses sintomas podem estar relacionados a outras condições, mas nunca devem ser ignorados. Se notar qualquer um deles, procure um médico o quanto antes.
A dor abdominal é um dos principais sintomas do câncer colorretal – Foto: Freepik
Fatores de Risco e Prevenção
Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento do câncer colorretal, como:
- Idade: a maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 50 anos;
- Histórico familiar: pessoas com parentes de primeiro grau que tiveram câncer colorretal têm maior risco;
- Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): condições como colite ulcerativa e doença de Crohn, aumentam o risco de câncer colorretal;
- Dieta pobre em fibras e ricas em gorduras: o consumo excessivo de carnes processadas e gorduras saturadas pode aumentar o risco de câncer colorretal;
- Sedentarismo e obesidade: a falta de atividade física e o excesso de peso aumentam o risco da doença;
- Tabagismo e alcoolismo: são fatores de risco comprovados, pois aumentam a inflamação e os danos celulares.
A prevenção do câncer colorretal é possível, e pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma grande diferença na redução do risco:
- Adote uma dieta rica em fibras, como frutas, vegetais e grãos integrais, e limite o consumo de carnes vermelhas e processadas;
- Pratique atividades físicas regularmente, pois ajudam a manter o peso saudável e a melhorar a função intestinal;
- Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, pois esses hábitos aumentam o risco de muitos tipos de câncer, incluindo o colorretal;
- Realize exames de rastreamento, como a colonoscopia, para detectar precocemente alterações que possam indicar câncer;
- Controle doenças pré-existentes, como diabetes ou doenças inflamatórias intestinais, pois elas aumentam o risco de câncer colorretal.
O controle de doenças pré-existentes deve ser feito com acompanhamento médico regular – Foto: Freepik
Diagnóstico e Estadiamento do Câncer Colorretal
O diagnóstico do câncer colorretal começa com uma avaliação detalhada do histórico pessoal e familiar do paciente, além de exames de rastreamento, que ajudam a identificar alterações antes que os sintomas se manifestem:
- Exame de sangue oculto nas fezes: pode detectar sinais de câncer em estágios iniciais;
- Colonoscopia: permite visualizar diretamente o interior do cólon e do reto, facilitando a detecção de pólipos e tumores;
- Retossigmoidoscopia: semelhante a colonoscopia, mas examina apenas a parte inferior do cólon e o reto;
- Ultrassonografia e tomografia: são usadas para avaliar a extensão do tumor, principalmente se houver suspeita de metástase (disseminação para outros órgãos).
A colonoscopia é o principal exame para diagnosticar o câncer colorretal – Foto: Freepik
Após a realização desses exames, o câncer colorretal é classificado de acordo com o estadiamento, que determina a extensão da doença.
O sistema mais utilizado para estadiar o câncer colorretal é o TNM, desenvolvido pela American Joint Committee on Cancer, que leva em consideração três critérios principais:
- T: Tamanho e extensão do tumor primário.
- N: Presença ou ausência de disseminação para os linfonodos próximos.
- M: Indicação de metástase em outros órgãos, como fígado ou pulmões.
Com base nesses critérios, o câncer colorretal é classificado em quatro estágios:
- Estágio I: O tumor está confinado à camada interna do cólon (intestino grosso) ou reto.
- Estágio II: O tumor invade camadas mais profundas do intestino, mas sem metástases.
- Estágio III: Há comprometimento de linfonodos próximos.
- Estágio IV: O câncer se espalhou para outros órgãos, como fígado ou pulmões.
Esse estadiamento é fundamental para determinar o tratamento mais adequado, seja por meio de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.
Tratamentos para o Câncer Colorretal
Se o diagnóstico de câncer colorretal for confirmado, o tratamento será definido com base no estágio da doença, a idade do paciente, seu histórico médico e estado de saúde.
Existem quatro principais formas de tratamento, que podem ser aplicados isoladamente ou em combinação, dependendo do quadro clínico:
- Cirurgia
Quando o tumor está no estágio I, a cirurgia é o principal tratamento e pode ser realizada de forma minimamente invasiva ou mais extensa.
Os procedimentos indicados são: cirurgia colonoscópica, cirurgia aberta ou colectomia laparoscópica, sem necessidade de tratamento quimioterápico adjuvante (complementar).
A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais, podendo ser indicada para casos mais avançados, quando o câncer se espalha para outras partes do corpo, ou para reduzir a chance de recorrência após a cirurgia.
Nos tumores em estágio II, a cirurgia pode ser associada à quimioterapia pós-operatória, conforme a classificação de risco de cada paciente.
A radioterapia é um procedimento que utiliza radiação para destruir as células cancerígenas ou reduzir o tamanho do tumor.
Pode ser aplicada antes da cirurgia, para facilitar a remoção do tumor, ou após a cirurgia, para eliminar células cancerígenas remanescentes.
Quando a cirurgia não é uma opção, a radioterapia pode ser combinada com a quimioterapia para potencializar o tratamento.
Diferente de outros tratamentos, a imunoterapia não ataca diretamente o tumor, mas estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas.
Ao ativar de forma sustentada o sistema imunológico, a imunoterapia pode manter o câncer sob controle a longo prazo, em alguns casos, até sem a necessidade contínua da medicação.
A imunoterapia é um tratamento biológico – Foto: Freepik
Câncer Colorretal e Qualidade de Vida
O tratamento do câncer colorretal vai além da cura da doença. A qualidade de vida do paciente deve ser prioridade, oferecendo suporte físico, emocional e social em todas as fases.
Os cuidados paliativos têm como foco aliviar os sintomas e a reduzir a dor, garantindo conforto para o paciente e sua família. Essa abordagem deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde.
Mesmo em estágios mais avançados, quando as opções de tratamento se tornam limitadas, os cuidados paliativos continuam a proporcionar dignidade e bem-estar, seja em casa ou em unidades especializadas.
A reabilitação é um processo importante para a recuperação, tanto física quanto emocional, após o tratamento do câncer colorretal. Isso envolve o acompanhamento nutricional, a adaptação ao uso de colostomia (quando necessário) e a prática de atividades físicas, sempre sob orientação médica.
Contar com um suporte contínuo — seja por meio de grupos de apoio, acompanhamento médico ou terapias complementares — ajuda pacientes e familiares enfrentem essa fase com mais segurança e qualidade de vida.
Afinal, mesmo diante dos desafios impostos pelo câncer colorretal, é possível encontrar maneiras de viver com mais conforto e bem-estar.
Andrezza Barreto
Andrezza Silvano Barreto
Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE |
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE |
Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma |
Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 |
Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals |
Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária |
Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária