Você sabia que o molusco contagioso é uma das cinco doenças de pele mais frequentes no mundo? Isso sem contar que é a terceira infecção viral de pele mais comum em crianças!
O que é molusco contagioso?
O molusco contagioso é uma infecção de pele causada pelo vírus pertencente à família dos poxvírus, a mesma da varíola, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Trata-se de uma condição altamente transmissível, que afeta principalmente crianças, mas também pode atingir adultos sexualmente ativos e pessoas imunocomprometidas ou imunossuprimidas.
A transmissão do molusco ocorre por contato direto com lesões de pele infectadas ou indiretamente por meio de objetos contaminados, como roupas, toalhas, brinquedos e até equipamentos esportivos.
As lesões são pequenas pápulas arredondadas, brilhantes e indolores, que podem aparecer em qualquer parte do corpo, sendo mais comuns no tronco, braços, pernas e, em alguns casos, no rosto.

Sintomas e sinais que merecem atenção
O molusco contagioso costuma passar por um período de incubação de duas a oito semanas antes que as primeiras lesões apareçam.
O sinal mais característico da infecção é o surgimento de pequenas pápulas, semelhantes a pérolas, com as seguintes características:
- Tamanho: cerca de 2 a 5 milímetros de diâmetro;
- Aparência: brilhosas, lisas, geralmente da cor da pele ou levemente rosadas;
- Centro: apresentam umbilicação central (pequena depressão no meio da lesão);
- Sensibilidade: não costumam doer;
- Distribuição: podem aparecer isoladas ou em grupos, em diferentes tamanhos;
- Localização: mais comuns no tronco, braços, pernas e áreas de dobras, mas podem surgir em qualquer parte da pele;
- Coceira: presente em alguns casos, podendo favorecer a disseminação para outras áreas.

Em crianças, é comum que as lesões surjam nas mãos, rosto, pescoço, tronco e axilas. Já em adultos, elas aparecem com mais frequência na região genital, abdômen e parte interna das coxas, nesses casos, a doença pode ser considerada também uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Pacientes com imunossupressão (como pessoas que vivem com HIV) podem apresentar lesões mais numerosas, maiores e distribuídas por diferentes partes do corpo. Quando as pápulas surgem próximas aos olhos, há risco de desenvolvimento de conjuntivite associada.
Como o vírus é transmitido
O molusco contagioso se espalha facilmente, tanto pelo contato direto com a pele de uma pessoa infectada quanto de forma indireta, por meio de objetos contaminados, como toalhas, roupas, brinquedos ou roupas de cama.
A transmissão também pode ocorrer por autoinoculação, quando a própria pessoa espalha o vírus para outras áreas do corpo ao tocar, coçar ou arranhar as lesões. Ambientes úmidos, como piscinas e vestiários, favorecem a transmissão, já que a umidade deixa a pele mais sensível e facilita a entrada do vírus.

A infecção também pode ocorrer durante relações sexuais desprotegidas, especialmente quando as lesões estão localizadas na região genital. Por se espalhar com facilidade, o molusco contagioso pode aparecer mais de uma vez na mesma pessoa, caso medidas preventivas não sejam adotadas.
Diagnóstico médico e quando procurar ajuda
O diagnóstico do molusco contagioso costuma ser simples e rápido. Na maioria dos casos, o dermatologista consegue identificar apenas observando as lesões.
Quando as lesões são muito pequenas ou não estão com a aparência típica, o médico pode usar um dermatoscópio.
Em casos mais raros, como quando há dúvida sobre o que está causando as lesões, pode ser solicitada uma biópsia de pele para confirmar o diagnóstico.
É importante procurar atendimento médico se:
- As lesões estiverem crescendo rápido;
- Você tiver imunidade baixa (como em casos de HIV ou uso de medicamentos imunossupressores);
- O molusco estiver em regiões delicadas, como pálpebras ou genitais;
- Apresentar sinais de infecção, como pus, dor intensa ou calor local;
- Houver suspeita de que outra pessoa na casa possa estar com o mesmo problema.
Quanto antes for feito o diagnóstico, mais fácil é controlar a transmissão e iniciar o tratamento adequado, evitando que o vírus se espalhe para outras partes do corpo ou para outras pessoas.

Tratamento: esperar ou agir?
Na maioria dos casos, o molusco contagioso desaparece sozinho, já que o sistema imunológico elimina o vírus naturalmente. Isso costuma acontecer de 6 meses a 2 anos, podendo chegar a até 3 anos em pessoas com imunidade baixa.
Mesmo assim, o tratamento muitas vezes é indicado para evitar a transmissão (principalmente em creches, escolas ou relações sexuais), melhorar a aparência da pele e tratar lesões em áreas sensíveis, como a genital.
Nessas situações, o médico dermatologista pode remover as pápulas de forma segura, acelerando a recuperação e reduzindo o desconforto.

Opções de tratamento
As principais opções de tratamentos para molusco contagioso são:
1. Tratamentos tópicos
Cremes e pomadas aplicados diretamente sobre as lesões ajudam a acelerar a recuperação e reduzir os sintomas. Entre os mais utilizados estão: berdazimer, ácido tricloroacético, cantaridina, tretinoína, tazaroteno e podofilotoxina.
2. Remoção cirúrgica das lesões
Os procedimentos devem ser feitos por profissionais capacitados para remover as lesões com segurança. Os métodos mais comuns são: curetagem, criocirurgia, laserterapia ou eletrocauterização.
3. Terapias complementares
Outros tratamentos podem ser indicados, como injeção intralesional, terapia fotodinâmica, terapia oral com cimetidina ou antivirais, especialmente em crianças e pessoas com imunidade comprometida.

É importante destacar que o médico dermatologista avaliará a idade, a quantidade e a localização das lesões antes de escolher a melhor opção para cada paciente.
Autocuidados que fazem a diferença
Algumas atitudes simples podem acelerar a recuperação e evitar que o molusco contagioso se espalhe para outras áreas do corpo ou para outras pessoas.
Veja o que você pode fazer no dia a dia:
- Lave as mãos com frequência, usando sabonete neutro, principalmente após tocar nas lesões.
- Mantenha as pápulas limpas, secas e cobertas com curativo ou roupa, retirando a cobertura apenas em casa e antes de dormir.
- Não coce, cutuque ou esprema as lesões. Isso pode espalhar o vírus e causar infecção.
- Não compartilhe toalhas, roupas, escovas, lâminas de barbear ou brinquedos.
- Use toalhas separadas: uma para secar as áreas com lesões e outra para as áreas saudáveis.
- Hidrate a pele com produto indicado pelo médico para reduzir a coceira e o risco de espalhar o vírus.
- Evite depilar ou barbear as regiões com lesões.
- Se praticar esportes de contato, mantenha as lesões cobertas com curativos à prova d’água.
- Evite piscinas, saunas e banheiras até que as lesões desapareçam ou estejam bem protegidas.
- Se houver lesões na região genital, interrompa o contato sexual e procure orientação médica.
- Crianças com molusco devem dormir sozinhas e tomar banho separadamente para evitar contágio entre irmãos.

Por que entender o aspecto emocional é fundamental
Embora o molusco contagioso não represente risco grave à saúde física nem cause complicações sistêmicas, suas lesões podem trazer impacto emocional significativo, principalmente em crianças. As pequenas pápulas, visíveis e às vezes espalhadas pelo corpo, podem gerar constrangimento, insegurança e até isolamento social.
Por isso, é muito importante que pais, professores e profissionais de saúde abordem o assunto com cuidado e acolhimento. Um ambiente de apoio ajuda a diminuir a ansiedade, melhora a autoestima da criança e torna o tratamento e os cuidados diários mais eficazes.
Quando retomar às atividades escolares ou esportes
No caso de crianças e adolescentes, o retorno à escola ou a atividades esportivas pode acontecer normalmente, desde que as lesões estejam cobertas e não sejam coçadas ou manipuladas.
O contato direto com a pele lesionada é a principal forma de transmissão, por isso, é importante evitar brincadeiras ou esportes que envolvam muito contato físico até que as pápulas estejam secas ou tratadas.
Se possível, use curativos ou roupas que cubram as áreas afetadas durante as atividades. Essa medida simples ajuda a prevenir o contágio para colegas e garante mais segurança durante o tratamento.
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Andrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária