Mesmo proibidas, câmaras de bronzeamento artificial seguem oferecendo riscos à saúde
Apesar da proibição nacional desde 2009, quando a Anvisa decretou o fim das câmaras de bronzeamento para fins estéticos, a prática ainda acontece no Brasil. Clínicas espalhadas pelo país obtêm liminares judiciais que garantem o funcionamento desses equipamentos, oferecendo uma falsa sensação de segurança ao público.
Riscos invisíveis e consequências duradouras
A radiação ultravioleta usada nesses aparelhos é classificada pela OMS como carcinogênica ao mesmo nível que o amianto e o tabaco. Ela causa danos que muitas vezes só aparecem anos depois: aumento do risco de melanoma (até 75% nos mais jovens), queimaduras, perda de elasticidade da pele, cicatrizes e problemas oculares como catarata e inflamações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a exposição precoce (antes dos 35 anos) pode elevar o risco de melanoma em até 75%.

Como as clínicas burlam a regra
Clínicas especializadas estão se amparando em liminares judiciais para continuar operando, com consultorias e promessas de “liberação em até 30 dias”. Em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás, advogados promovem a regularização via justiça, alegando que a RDC 56/2009 seria “inconclusiva”.
Leis municipais, como a tentativa no Rio de Janeiro em outubro de 2024, foram vetadas ou consideradas inconstitucionais, já que a RDC tem força nacional.
A resposta das autoridades
A Anvisa e a Advocacia-Geral da União reafirmaram que todas as medidas sanitárias implantadas continuam valendo, mesmo diante de liminares: os equipamentos permanecem irregulares. A agência segue monitorando e atuando contra qualquer tentativa de liberação local.
Em junho de 2025, a Justiça Federal de Porto Alegre manteve a proibição em um caso envolvendo uma clínica no RS, reforçando o respaldo constitucional da Anvisa.

O que as pessoas de bem estão fazendo e o que você pode fazer
- Evite qualquer tipo de bronzeamento artificial. Prefira métodos seguros como autobronzeadores, maquiagens ou filtros solares.
- Converse com carinho. Explique os riscos e alternativas saudáveis para amigos e familiares.
- Denuncie irregularidades. Caso encontre estúdios operando, entre em contato com a Vigilância Sanitária local.
- Consulte um dermatologista. Especialmente se já teve exposição intensa à radiação UV.
Conclusão
O bronzeado pode parecer sinônimo de beleza e autoestima, mas quando vem de fontes artificiais proibidas, seu custo pode ser alto. Em um país que já enfrentou a luta contra o sol artificial, informação e empatia se tornam essenciais para proteger a saúde de todos.
Andrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária