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Úlcera Neuropática: Causas, Tratamento e Cuidados Essenciais

Úlcera Neuropática: Causas, Tratamento e Cuidados Essenciais

Publicação: 26 de novembro de 2025

Última modificação: 2 dias atrás

Úlcera Neuropática: Causas, Tratamento e Cuidados Essenciais

O que é úlcera neuropática?

A úlcera neuropática é uma ferida crônica que surge, na maioria das vezes, nos pés de pessoas com diabetes, em decorrência da perda da sensibilidade protetora, chamada neuropatia periférica.

Diferente das úlceras isquêmicas, venosas ou arteriais, que são causadas por problemas na circulação sanguínea, a úlcera neuropática tem origem na redução ou ausência da função nervosa.

Por isso, o paciente não percebe pequenos machucados, atritos ou áreas de pressão, o que favorece o desenvolvimento do quadro e está diretamente relacionado ao que chamamos de pé diabético.

Se não for tratada corretamente, a úlcera neuropática pode se aprofundar, causar infecção e comprometer músculos, ossos e articulações, aumentando o risco de complicações e até de amputação.

Causas e fatores de risco

As úlceras neuropáticas são feridas causadas por excesso de pressão repetida nos pés com sensibilidade de dor reduzida, devido a uma condição de neuropatia periférica.

A principal causa dessa neuropatia é o diabetes sem controle adequado da glicemia, o que, com o tempo, faz com que o excesso de açúcar circulando no sangue danifique os nervos e os vasos sanguíneos, especialmente nos pés.

É esse dano que pode causar complicações como a úlcera neuropática, que diminui a sensibilidade, dificultando a percepção de dor, calor ou atrito e aumenta o risco de pequenos machucados passarem despercebidos.

Úlcera Neuropática: Causas, Tratamento e Cuidados Essenciais
A neuropatia periférica acomete 30% dos diabéticos e sua prevalência dobra acima dos 60 anos de idade. Foto: Adobe Stock.

Porém, outras condições também podem desencadear alterações nos nervos periféricos, como insuficiência renal crônica, compressão de nervos, algumas infecções, distúrbios hepáticos, doenças neurológicas, exposição a substâncias tóxicas e até deficiências vitamínicas.

Em muitos casos, a úlcera também pode surgir após pequenos traumas, cortes ou batidas nos pés, especialmente quando já existe dificuldade de cicatrização.  Além das causas diretas, alguns fatores aumentam ainda mais o risco de desenvolvimento dessas feridas, como:

  • perda da sensibilidade tátil, térmica e vibratória nos pés;
  • problemas circulatórios nos membros inferiores;
  • deformidades estruturais nos pés, como calosidades plantares, joanetes ou dedos em garra;
  • uso de calçados inadequados;
  • falta de cuidados regulares com a pele e com pequenas feridas;
  • histórico de úlceras anteriores ou amputações.

Quanto mais desses fatores estão presentes, maior o risco de desenvolvimento de feridas crônicas relacionadas ao pé diabético. Por isso, a prevenção e o acompanhamento médico contínuo são importantes.

Úlcera Neuropática: Causas, Tratamento e Cuidados Essenciais
A neuropatia periférica também é mais comum em pacientes com pré diabetes mellitus, sendo a prevalência de 5 a 10% entre esses pacientes. Foto: Adobe Stock.

Sintomas e estágios da úlcera neuropática

A úlcera neuropática costuma se desenvolver em áreas de maior pressão na planta do pé, como a região abaixo do dedão ou calcanhar, onde a redistribuição do peso durante a caminhada ocorre de forma contínua.

Por causa da perda de sensibilidade protetora, o paciente muitas vezes não sente dor, então a ferida pode passar despercebida no início.

A aparência da úlcera varia conforme o grau de comprometimento. A área pode ter calosidade ao redor, base avermelhada amarronzada ou mais escurecida e, caso haja infecção, pode aparecer secreção, odor e aumento de temperatura local.

Além disso, algumas pessoas com neuropatia periférica também relatam formigamento, queimação ou sensação de “choque” nos pés e pernas, sinais típicos da alteração dos nervos.

Para avaliar a gravidade da úlcera e orientar o tratamento adequado, dois sistemas de classificação que mostram o quanto a ferida está profunda e se há infecção ou má circulação são amplamente utilizados:

1. Classificação de Wagner

A Classificação de Wagner serve para indicar o quanto a úlcera está avançada:

  • Grau 0: ainda não há ferida aberta, mas existe risco de ulceração;
  • Grau 1: ferida superficial, só na pele;
  • Grau 2: a ferida fica mais profunda e atinge tendão ou músculo;
  • Grau 3:infecção mais séria, podendo chegar ao osso (osteomielite);
  • Grau 4: parte do pé apresenta gangrena (morte do tecido);
  • Grau 5: gangrena em todo o pé, com alto risco de amputação.

Ou seja, quanto maior o grau, maior a profundidade e o risco de complicações.

2. Classificação da Universidade do Texas (UT Classification)

Já a UT Classification, considera não apenas a profundidade (grau 0 a 3), mas também a presença de infecção e isquemia (estágios A a D):

  • Grau 0: área pré-ulcerativa ou cicatrizada;
  • Grau 1: ferida superficial;
  • Grau 2: ferida que atinge tendão ou cápsula;
  • Grau 3: ferida que atinge osso ou articulação.

Em cada grau:

  • A: sem infecção e com circulação normal;
  • B: ferida com infecção;
  • C: ferida com circulação ruim (isquêmica), sem infecção;
  • D: ferida com infecção e circulação ruim (isquêmica).

Diagnóstico clínico e exames complementares

O diagnóstico precoce das úlceras neuropáticas é essencial para evitar a progressão das lesões e preservar a integridade anatômica e funcional do membro afetado.

A avaliação começa com a observação cuidadosa dos pés, verificando rachaduras, micoses, calosidades, mudanças na cor ou temperatura da pele e deformidades, como dedos em garra, proeminências ósseas e alterações na marcha.

Também é importante investigar sintomas de neuropatia, como dormência, formigamento ou sensação de queimação, além de problemas circulatórios, como dor ao caminhar ou inchaço.

Durante o exame, o profissional realiza testes simples e indolores para avaliar a sensibilidade:

  • Teste com monofilamento de 10 g: avalia a sensibilidade protetora da pele. O monofilamento é aplicado em diferentes pontos da planta do pé; a ausência de percepção em um ou mais pontos indica perda de sensibilidade e risco para úlcera.
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Teste com monofilamento. Foto: eumedicoresidente.
  • Teste com diapasão de 128 Hz: verifica a sensibilidade vibratória, aplicando o diapasão sobre a falange distal do hálux. A ausência de percepção da vibração em duas de três tentativas é considerada anormal.

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Teste com diapasão. Foto: Adobe Stock.
  • Teste de sensibilidade dolorosa: realizado com objeto pontiagudo na superfície dorsal do hálux, avalia a percepção da dor, ajudando a detectar neuropatia periférica.

Esses testes ajudam a detectar a perda da sensibilidade protetora, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento de úlceras neuropáticas.

Além disso, o profissional deve orientar o paciente sobre o uso de calçados adequados e a inspeção diária dos pés, medidas simples que podem prevenir o surgimento de novas feridas.

Tratamentos disponíveis

O tratamento da úlcera neuropática deve ser individualizado e realizado por uma equipe multiprofissional, com o objetivo de controlar a causa da neuropatia, favorecer a cicatrização e prevenir o surgimento de novas lesões.

O primeiro passo é controlar o diabetes e outras condições associadas, como doenças renais, hepáticas ou nutricionais, que podem interferir na regeneração dos tecidos. Em seguida, é feita a limpeza e o desbridamento da ferida, ou seja, a remoção de tecidos mortos e resíduos que dificultam a cicatrização.

O desbridamento é a remoção de tecidos comprometidos da ferida, ajudando na cicatrização e na prevenção de infecções – Foto: Portal Educação

A escolha do curativo deve considerar o tipo e as características da lesão, como profundidade, quantidade de exsudato e presença de infecção. Curativos modernos, como hidrocolóides, filmes transparentes, alginato de cálcio, carvão ativado e sulfadiazina de prata, auxiliam na manutenção de um ambiente úmido, o que favorece a cicatrização e reduz o risco de infecção.

Além disso, a redução da pressão sobre a ferida, chamada de descarga da área afetada, é fundamental para permitir a regeneração do tecido. Isso pode ser feito com o uso de calçados terapêuticos, palmilhas sob medida, botas ortopédicas ou gessos de contato total, que redistribuem o peso e evitam que a ferida volte a abrir.

Durante o tratamento, o acompanhamento regular com o enfermeiro estomaterapeuta é indispensável. Além da troca correta dos curativos e do uso dos produtos indicados, o paciente deve seguir orientações sobre higiene dos pés, controle glicêmico e cuidados diários, fatores que ajudam na recuperação e prevenção de novas úlceras.

Uso da Membracel no tratamento da úlcera neuropática

Membrana Regeneradora Porosa Membracel é uma membrana de celulose cristalina que pode ser usada após a remoção do tecido desvitalizado, pois substitui temporariamente a peleestimulando a fase inflamatória da cicatrização e a epitelização tecidual.

Além disso, a membrana contém poros, o que permite a ocorrência de trocas gasosas e a drenagem do excesso de exsudato para o curativo secundário, mantendo controlada a umidade no leito da ferida que favorece a regeneração dos tecidos e diminui o risco de infecção.

Assim, a Membracel não só acelera o processo de cicatrização, como também reduz o desconforto do paciente e minimiza as marcas da ferida, diminuindo o tempo e os custos com o tratamento.

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Membrana regeneradora porosa Membracel. Foto: Vuelo Pharma.

Prevenção da úlcera neuropática em pacientes com diabetes

Para prevenção da úlcera neuropática em pacientes com diabetes, a IWGDF, Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), recomendam:

  1. Avaliação e acompanhamento regulares
    • Realizar exame dos pés em todas as consultas e, no mínimo, uma vez ao ano.
    • Avaliar sensibilidade (monofilamento de 10 g, diapasão 128 Hz) e pulsos periféricos.
    • Classificar o risco e definir a frequência de reavaliação conforme necessidade (de 1 a 12 meses).
    • Procurar atendimento imediato em caso de feridas, bolhas, calos dolorosos ou alterações na coloração da pele.
  2. Inspeção e cuidados diários com os pés
    • Verificar diariamente os pés, principalmente entre os dedos e as plantas.
    • Manter limpos e secos, lavando com água morna e sabão com pH neutro e secando bem entre os dedos.
    • Aplicar hidratante apenas no dorso e na planta dos pés, evitando o espaço interdigital.
    • Evitar o uso de aquecedores, bolsas térmicas ou produtos químicos para tratar calos e feridas.
  3. Cuidados com unhas e calosidades
    • Cortar as unhas em linha reta, sem arredondar os cantos.
    • Não remover calos ou cutículas em casa, sempre buscar atendimento com podólogo ou profissional habilitado.
    • Tratar micose, unhas encravadas e fissuras precocemente.
  4. Calçados e meias adequados
    • Usar sapatos fechados, confortáveis, com solado firme e sem costuras internas.
    • Calçado deve ter 1–2 cm de folga e ser ajustado no final do dia (quando há maior inchaço).
    • Evitar andar descalço ou de chinelos abertos, inclusive dentro de casa.
    • Usar meias limpas, sem costuras internas e trocadas diariamente; evitar meias apertadas.
    • Para quem tem neuropatia, deformidades ou úlceras cicatrizadas, usar calçados terapêuticos sob medida com alívio de pressão plantar comprovado.
  5. Educação e autocuidado
    • Aprender a reconhecer sinais de risco, como bolhas, vermelhidão, calor local, rachaduras ou dor.
    • Relatar alterações precoces ao profissional de saúde.
    • Envolver familiares e cuidadores na rotina de observação e cuidado, quando necessário.
  6. Controle clínico e metabólico
    • Manter controle rigoroso da glicemia, pressão arterial, colesterol e peso corporal.
    • Evitar o tabagismo, que piora a circulação e favorece lesões.
    • Seguir corretamente o tratamento medicamentoso e nutricional.
  7. Fisioterapia e exercícios orientados
    • Praticar exercícios leves para pés e tornozelos, conforme orientação profissional, para manter mobilidade e circulação.
    • Evitar exercícios em caso de úlcera ativa.
    • O programa SOPED é uma ferramenta gratuita e validada no Brasil que auxilia no cuidado preventivo com os pés diabéticos.
  8. Tratamento precoce de alterações
    • Tratar bolhas, calos, rachaduras, infecções e alterações na pele o quanto antes.
    • Se necessário, buscar intervenções corretivas (como órteses ou cirurgias) para prevenir recorrências.

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