O que é a colectomia?
A colectomia é um procedimento cirúrgico para a remoção parcial ou total do intestino grosso, também conhecido como cólon.
O cólon é um órgão que faz parte do sistema digestivo, dividido em quatro partes: cólon ascendente, cólon descendente, cólon transverso e cólon sigmoide.

Sua principal função é absorver água, sais minerais e vitaminas, além de formar as fezes e ajudar a manter o equilíbrio da microbiota intestinal.
Quando é realizada a colectomia total, todo o intestino grosso é removido, enquanto na colectomia parcial, apenas uma parte do órgão é removida.
Indicações da colectomia
A colectomia pode ser indicada para tratar condições graves do intestino grosso, como câncer de cólon, doenças inflamatórias intestinais (como Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa), insuficiência intestinal, diverticulite, perfuração intestinal e polipose adenomatosa familiar.

Tipos de colectomia
Os principais tipos de colectomia são:
1. Colectomia total
A colectomia total é a retirada de todo o intestino grosso. Nessa cirurgia, o íleo (parte final do intestino delgado) é conectado diretamente ao reto ou ao ânus. Em algumas situações, pode ser necessário realizar uma ileostomia temporária ou definitiva, abertura de uma parte do íleo na parede abdominal para eliminar as fezes em uma bolsa coletora.
2. Colectomia parcial
A colectomia parcial é a retirada de apenas uma parte do cólon. Após a retirada, é feita a anastomose, que é a conexão entre o íleo e o segmento restante do cólon ou o reto. Assim como na colectomia total, pode ser necessária uma ileostomia temporária ou definitiva, dependendo do caso clínico.

3. Colectomia direita e esquerda
Além da total e da parcial, a colectomia também pode ser feita retirando apenas um lado do intestino grosso, que pode ser o direito ou o esquerdo:
- Colectomia direita: remoção da parte inicial do cólon, conhecida como cólon ascendente.
- Colectomia esquerda: retirada da parte final do cólon, chamada de cólon descendente.

Como é feita a cirurgia?
A colectomia pode ser realizada por via aberta (cirurgia convencional) ou por acesso minimamente invasivo (videolaparoscopia ou cirurgia robótica).
Cirurgia aberta convencional
Na colectomia aberta, é feita uma incisão única e maior no abdômen para acessar diretamente o cólon. A parte afetada do intestino é removida e, quando possível, as extremidades saudáveis são reconectadas por meio de anastomose (união de segmentos intestinais feita com suturas ou grampeadores cirúrgicos).
Se não for possível reconectar o intestino, pode ser criada uma ostomia, que é a abertura na parede abdominal para a saída das fezes, que são coletadas em uma bolsa coletora fixada ao redor do estoma.

O tempo médio desse procedimento é de 2 a 4 horas, realizado sob anestesia geral. A internação costuma variar de 5 a 10 dias, dependendo da recuperação e da complexidade do caso.
Cirurgia laparoscópica
Na colectomia laparoscópica, o cirurgião faz pequenas incisões no abdômen, por onde são inseridos tubos (trocartes) com diâmetro de 5 a 12 mm, que permitem a entrada de instrumentos cirúrgicos e uma microcâmera acoplada a um laparoscópio.
O abdômen é inflado com gás dióxido de carbono (CO₂) para criar espaço e melhorar a visualização dos órgãos. Com o auxílio das imagens ampliadas em alta definição, o cirurgião remove a parte do cólon comprometida e, quando possível, realiza a anastomose. Se necessário, também pode ser feita uma ostomia.

Por ser um método menos invasivo, o tempo de cirurgia varia entre 2 e 4 horas, com anestesia geral. A internação costuma ser mais curta, em média 3 a 5 dias.
Cirurgia robótica
Na colectomia robótica, o cirurgião utiliza um robô cirúrgico com braços especiais conectados a instrumentos articulados necessários para a operação. Sentado em um console próximo à mesa cirúrgica, ele controla todos os movimentos dos braços do robô com grande precisão.
Assim como na laparoscopia, o abdômen é insuflado com gás dióxido de carbono (CO₂), para ampliar o campo de visão e permitir a remoção segura da parte comprometida do cólon.

O procedimento dura, em média, 2 e 4 horas, sob anestesia geral, e a internação costuma variar entre 3 e 5 dias, de acordo com a recuperação do paciente.
Riscos e complicações da colectomia
Embora seja considerado um procedimento seguro, a colectomia pode apresentar algumas complicações, como sangramento, infecção local ou sistêmica, formação de abscessos, vazamento na conexão entre segmentos do intestino (anastomose), lesão em órgãos próximos e reações adversas à anestesia.
Outros riscos incluem complicações respiratórias, como pneumonia e atelectasia, tromboses, necessidade de reoperação ou transfusão de sangue, e, em casos de câncer, possibilidade de recidiva tumoral. Por se tratar de uma cirurgia extensa, existe também um risco de óbito, embora seja raro.
É importante que o paciente esteja atento a sinais como dor intensa, febre, vermelhidão, inchaço ou saída anormal de líquidos pelo estoma. Caso perceba algum desses sintomas ou qualquer desconforto incomum após a cirurgia, procure imediatamente seu médico ou o serviço hospitalar de urgência.

Pós-operatório e recuperação
Após a colectomia, o paciente é levado à unidade de recuperação pós-anestésica, onde permanece sendo monitorado até que os efeitos da anestesia desapareçam. É comum sentir sonolência, tontura, náuseas ou mal-estar nas primeiras horas, sintomas que tendem a desaparecer gradualmente.
Alta hospitalar
O tempo de internação depende do tipo de cirurgia. Sendo assim, os pacientes submetidos à laparoscopia ou robótica geralmente recebem alta entre o 3º e 5º dia, enquanto aqueles que passaram por cirurgia aberta podem permanecer internados de 5 a 10 dias, conforme a recuperação.
Retorno às atividades
O retorno às atividades físicas deve ser aos poucos, evitando esforços e levantamento de peso nas primeiras semanas. Caminhadas leves de 30 minutos diários podem ser feitas conforme a orientação médica, aumentando progressivamente a intensidade após o primeiro mês.

Alimentação e hidratação
A reintrodução alimentar deve ser feita aos poucos, iniciando com líquidos e pequenas refeições leves, mastigadas corretamente. Alimentos cozidos ou grelhados, frutas sem casca e legumes macios são recomendados. Evite bebidas alcoólicas, gasosas e alimentos que causem gases nos primeiros dias. A dieta pode ser aumentada gradualmente conforme a tolerância e orientação médica.
Acompanhamento médico
É muito importante seguir todas as recomendações da equipe médica, incluindo a continuação das medicações prescritas e a presença em todas as consultas de retorno. Procure imediatamente seu médico em caso de dor intensa, febre, vômitos, diarreia, alterações nas fezes ou sinais de infecção.
Agora que você já sabe tudo sobre colectomia, confira alguns conteúdos que podem ajudar no seu cuidado com o intestino e a sua saúde como um todo:
Câncer de intestino: tudo sobre sintomas e prevenção: Colectomia: o que é, tipos, riscos e recuperação Pele periestoma saudável: prevenção e tratamento de lesões: Colectomia: o que é, tipos, riscos e recuperação Quando a diarreia não passa: entenda causas e caminhos com acolhimento: Colectomia: o que é, tipos, riscos e recuperaçãoAndrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária