O que são doenças autoimunes?
As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca erroneamente as próprias células, tecidos e órgãos saudáveis do corpo. Embora as causas não sejam totalmente conhecidas, acredita-se que as reações autoimunes sejam desencadeadas por uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais.
Principais fatores de riscos
Segundo a Global Autoimmune Institute, diversos fatores podem afetar a tolerância imunológica e aumentar o risco de desenvolvimento das doenças autoimunes:
- 78% das pessoas afetadas por doenças autoimunes são mulheres, devido à influência de hormônios na regulação imunológica.
- histórico familiar de doenças autoimunes aumenta as chances de desenvolver a condição.
- excesso de peso está associado a maior risco de doenças como artrite reumatoide e artrite psoriática.
- tabagismo tem sido associado à artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla e outras doenças autoimunes.
- exposição a toxinas e contato frequente com poluentes atmosféricos, sílica cristalina, radiação ultravioleta ou solventes orgânicos pode contribuir para doenças como a esclerose múltipla.
- predisposição genética para a autoimunidade aumenta ainda mais o risco de doenças autoimunes.
- uso de certos medicamentos podem alterar a função do sistema imunológico e desencadear reações autoimunes.
- infecções virais ou bacterianas podem servir como gatilho, estimulando uma resposta imunológica descontrolada.

Quais são os sintomas mais comuns de doenças autoimunes?
Os sintomas das doenças autoimunes variam conforme o tipo e a parte do corpo afetada. De acordo com o Global Autoimmune Institute, os sinais mais frequentes são:
- dor abdominal e refluxo ácido.
- inchaço e sensibilidade alimentar (como intolerância à lactose).
- sangue ou muco nas fezes.
- diarreia, constipação ou fezes pálidas e de odor forte.
- náuseas, vômitos e perda de apetite.
- má absorção de nutrientes e dificuldade em ganhar peso.
- dor e inflamação nas articulações (rigidez, inchaço).
- dores musculares e fraqueza.
- coordenação prejudicada.
- dor óssea e, em casos graves, osteomalácia (amolecimento dos ossos).
- compulsões, fobias ou hiperfoco.
- dificuldade de concentração e perda de memória.
- tontura, dores de cabeça e enxaquecas.
- visão embaçada e dificuldades de equilíbrio.
- tremores, convulsões e dormência ou formigamento em membros.
- insônia e alterações emocionais, como ansiedade e depressão.
- irregularidade menstrual ou ausência de menstruação.
- infertilidade ou abortos espontâneos recorrentes.
- dor na bexiga e micção frequente.
- início tardio da puberdade em alguns casos.
- olhos e boca secos.
- pele ressecada, inflamada ou com coceira.
- queda de cabelo.
- erupções cutâneas e manchas avermelhadas.
- anemia e fadiga constante.
- febre recorrente e glândulas inchadas.
- dor no peito ou dificuldade para respirar.
- alterações no peso (perda ou ganho repentino).
- maior sensibilidade à temperatura (frio ou calor).

Se notar qualquer um desses sintomas, busque avaliação médica. Quanto mais cedo a doença autoimune for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de controlar os sintomas e preservar a qualidade de vida.
Principais doenças autoimunes
As doenças autoimunes mais comuns são:
- Artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações ao mesmo tempo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
- Lúpus eritematoso sistêmico (LES), uma condição inflamatória crônica e autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, segundo o Ministério da Saúde.
- Esclerose múltipla (EM), uma doença neurológica, crônica, progressiva e autoimune, que causa lesões no cérebro e na medula espinhal, conforme a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM).
- Diabetes tipo 1, também chamada de diabetes mellitus tipo 1, ocorre quando o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta do pâncreas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
- Doença de Crohn, uma doença inflamatória que afeta o intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode comprometer todo o trato gastrointestinal, de acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD).
- Doença celíaca, uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten (presente no trigo, cevada e aveia) em pessoas geneticamente predispostas, segundo a Celiac Disease Foundation.
- Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune que provoca inflamação e destruição progressiva das células da tireoide, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Psoríase, uma doença inflamatória crônica e autoimune da pele, caracterizada por lesões cutâneas, alterações nas unhas e, em alguns casos, comprometimento articular, segundo o Ministério da Saúde.
- Dermatite atópica (DA), também conhecida como eczema atópico, é uma doença inflamatória crônica da pele, de origem genética e autoimune, conforme a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Como é feito o diagnóstico de doenças autoimunes?
O diagnóstico de doenças autoimunes é feito com base nos sintomas, histórico de saúde do paciente, resultados laboratoriais e exames de imagem.
Os exames laboratoriais ajudam a identificar sinais de inflamação e autoanticorpos relacionados a diferentes doenças. Os principais são:
- Hemograma completo (CBC): avalia glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, que pode indicar anemia ou alterações ligadas à inflamação.
- Proteína C reativa (PCR): marcador de inflamação liberado pelo fígado, útil para monitorar atividade da doença.
- Velocidade de hemossedimentação (VHS ou ESR): mede a velocidade com que os glóbulos vermelhos se depositam; valores altos indicam inflamação no corpo.
- Anticorpos antinucleares (FAN): comuns em doenças como lúpus, artrite reumatoide e esclerodermia.
- Fator reumatoide (FR) e anti-CCP: associados especialmente à artrite reumatoide.
- ELISA: detecta diferentes anticorpos, antígenos e proteínas relacionados a doenças autoimunes específicas.

Já os exames de imagem são usados para avaliar inflamações, alterações estruturais ou danos nos órgãos e tecidos. Os principais são:
- Ressonância magnética (MRI): identifica inflamações em estágios iniciais.
- Tomografia computadorizada (TC): mostra alterações estruturais em órgãos e articulações.
- PET-Scan: detecta inflamação ativa e metabolismo anormal dos tecidos.
- Ultrassom: avalia inflamação articular e fluxo sanguíneo nos tecidos.
- SPECT: rastreia biomarcadores específicos de doenças autoimunes.
Os médicos especialistas que frequentemente identificam e tratam pacientes com doenças autoimunes são dermatologistas, endocrinologistas, gastroenterologistas, imunologistas, neurologistas e reumatologistas.

Tratamentos para doenças autoimunes
O objetivo da maioria dos tratamentos e intervenções para doenças autoimunes é controlar os sintomas, reduzir a inflamação e melhorar a qualidade de vida do paciente. Para isso, os tratamentos mais comuns incluem:
- anti-inflamatórios e corticoides: ajudam a aliviar a dor e a inflamação, sendo muitas vezes usados em crises ou fases de maior atividade da doença.
- imunossupressores: reduzem a atividade do sistema imunológico e retardam a progressão dos danos nos tecidos e órgãos.
- terapias biológicas: bloqueiam substâncias específicas envolvidas na inflamação, como o fator de necrose tumoral (FNT).
- hormonioterapia: em doenças da tireoide ou quando há alterações hormonais, pode ser necessário repor ou regular a produção de hormônios.
- em alguns casos, pode ser indicada a plasmaferese, que filtra autoanticorpos do sangue, ou a imunoglobulina intravenosa, que ajuda a equilibrar a resposta imunológica.

No entanto, o impacto das doenças autoimunes vai além do físico, podendo afetar também a saúde mental. Por isso, o apoio psicológico é fundamental para lidar com ansiedade, estresse ou depressão que podem acompanhar o diagnóstico.
Além disso, o acompanhamento com diferentes especialistas, como reumatologistas, endocrinologistas, nutricionistas e fisioterapeutas, ajudam a garantir um cuidado mais completo e holístico.
Caminhos para viver bem
Para reduzir os impactos das doenças autoimunes, a alimentação precisa ser personalizada, levando em conta sintomas, estágio da doença e possíveis alergias. Ainda assim, existem orientações gerais que podem ajudar no dia a dia:
- evitar alimentos inflamatórios, como ultraprocessados, açúcar refinado, gorduras trans e excesso de álcool.
- priorizar alimentos frescos e naturais, como frutas, verduras e legumes orgânicos, de preferência com baixo teor de amido.
- incluir fontes de ácidos graxos ômega-3, presentes em peixes como salmão e sardinha, além de sementes de linhaça, chia, nozes e azeite de oliva.
- consumir proteínas de qualidade, como ovos, carnes magras, aves criadas de forma natural, peixes e leguminosas.
- reduzir alimentos gatilho de inflamação, como glúten, laticínios, soja e milho, quando identificados como sensibilizantes.
- adicionar alimentos antioxidantes, como frutas vermelhas, vegetais verde-escuros e chá verde ajudam a combater radicais livres.
- manter uma hidratação adequada, de no mínimo, 2 litros de água por dia, pois auxilia no funcionamento do organismo e na eliminação de toxinas.
- consumir probióticos (como kefir, iogurte natural, chucrute e kimchi) e fibras (presentes em grãos integrais, sementes e frutas com casca), que favorecem o equilíbrio da microbiota intestinal.
- apostar em alimentos anti-inflamatórios naturais, como gengibre, cúrcuma, alho, cebola, aipo e nozes que podem ajudar a reduzir processos inflamatórios.
Também é fundamental adotar práticas que visam um estilo de vida mais saudável e natural, tais como:
- praticar exercícios leves a moderados, como caminhada, pilates, yoga ou musculação orientada, que ajudam a manter a mobilidade, fortalecem músculos e ossos, reduzem inflamações e contribuem para o bem-estar mental.
- criar uma rotina de sono, evitando telas antes de deitar-se e garantindo de 7 a 9 horas de descanso, para a regulação do sistema imunológico.
- reduzir gatilhos de estresse com práticas demeditação, respiração profunda, mindfulness e hobbies relaxantes.
- evitar tabagismo e excesso de álcool, pois aumentam a inflamação e podem agravar os sintomas ou reduzir a eficácia dos tratamentos.
- tomar sol de forma moderada e segura para a produção de vitamina D, que contribui na saúde imunológica.
- comparecer as consultas e exames de rotina, para monitorar a evolução da doença, ajustar medicamentos e prevenir complicações.
- contar com familiares, grupos de suporte ou terapia para lidar com os desafios emocionais do diagnóstico e melhor aceitação ao tratamento.
O conjunto de uma alimentação anti-inflamatória, exercícios físicos moderados e controle do estresse associada ao tratamento adequado, pode melhorar a qualidade de vida de quem convive com doenças autoimunes.
Agora que você já sabe conviver melhor com doenças autoimunes, descubra o que são doenças inflamatórias intestinais.
Andrezza Silvano Barreto Enfermeira formada pela UFC | Pós-Graduanda de Estomaterapia pela UECE | Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cuidados Clínicos pela UECE | Consultora Especialista de Produtos da Vuelo Pharma | Consultora de produtos Kalmed Hospitalar desde 2021 | Enfermeira da Equipe de Estomaterapia do Hospital Geral César Cals | Colabora externa da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (UFC) desde 2020 com atuação no ambulatório de feridas e incontinência urinária | Preceptora da Pós-graduação em Estomaterapia – UFC no ambulatório de incontinência urinária