O que é dermatite bolhosa?
Dermatite bolhosa é uma reação inflamatória da pele que se manifesta em forma de bolhas que pode surgir em qualquer parte do corpo. Em alguns casos a cicatrização pode ser demorada, servindo de porta de entrada para infecções.
Dermatite bolhosa é uma reação inflamatória da pele – Foto: Adobe Stock
A dermatite bolhosa pode surgir devido ao contato com diversos agentes alergênicos, que podem ser internos ou externos, conforme os exemplos abaixo:
Agentes externos: medicamentos, radiação solar, composto inorgânico (corante de cabelo, amoníaco, etc.), luz ultravioleta, temperaturas muito baixas ou elevadas, cosméticos, látex, composto de níquel (moedas, talheres, jóias).
Agentes internos: herpes, impetigo (feridas em torno da boca e nariz), diabetes, defeitos genéticos, lúpus, motivos emocionais.
Medicamentos podem desencadear dermatite bolhosa – Foto: Adobe Stock
Não é transmitida por contato direto e nem por objetos de uso pessoal compartilhados. Os sintomas são pele avermelhada, descamação e pequenas bolhas, que podem surgir por todo o corpo e aumentar de tamanho.
Dermatite bolhosa distrófica
A dermatite bolhosa distrófica é uma condição grave que acomete recém-nascidos. Pode ser diagnosticada já nos primeiros dias de vida do bebê ou alguns meses após o nascimento. Esses casos são de difícil tratamento, podendo, inclusive, levar à morte.
Aqui em nosso site temos um conteúdo completo falando sobre os 6 principais tipos de dermatite e seus principais sintomas.
Principais tipos de dermatite bolhosa
Os tipos mais comuns incluem dermatite herpetiforme, dermatite de contato bolhosa e dermatite bolhosa autoimune, que podem ser divididas em subtipos, como penfigóide bolhoso e pênfigo vulgar.
1. Dermatite herpetiforme
A dermatite herpetiforme é uma condição crônica de bolhas que comumente ocorre em conjunto com a doença celíaca. Essa condição resulta de uma resposta autoimune em que o corpo ataca sua própria pele, causando o surgimento de bolhas e erupções cutâneas com coceira.
A dermatite herpetiforme pode ser desencadeada pelo consumo de glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada e centeio. Pessoas com essa condição geralmente têm uma predisposição genética para a doença celíaca, e mesmo a exposição mínima ao glúten pode ativar o sistema imunológico, levando a lesões na pele.
Dermatite herpetiforme – Foto: Adobe Stock
Os sintomas da dermatite herpetiforme costumam ser:
- Bolhas e erupções cutâneas com coceira: podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas são mais comumente encontradas nos cotovelos, joelhos, nádegas e costas.
- Bolhas pequenas e agrupadas: as lesões se assemelham às do herpes (daí o nome), mas a condição não é causada pelo vírus do herpes.
- Sensação de queimação ou ardência: mesmo antes da formação das bolhas, as áreas afetadas podem sentir queimação ou ardência.
2. Dermatite de contato bolhosa
A dermatite de contato bolhosa ocorre quando a pele entra em contato com um irritante ou alérgeno, causando uma reação alérgica localizada que leva à formação de bolhas (bolhas grandes). Este tipo de dermatite geralmente é desencadeado pela exposição direta a substâncias nocivas, como:
- Irritantes químicos como sabonetes, detergentes ou produtos de limpeza agressivos.
- Exposição a plantas como hera venenosa ou carvalho venenoso.
- Metais como níquel ou cobalto em fechos de joias ou roupas.
A dermatite de contato bolhosa pode causar sintomas como, bolhas grandes e cheias de líquido no local de contato, vermelhidão e inchaço, frequentemente acompanhadas de coceira e desconforto intensos.
3. Penfigoide Bolhoso
A dermatite bolhosa autoimune refere-se a um grupo de doenças de pele em que o sistema imunológico ataca erroneamente a pele e as membranas mucosas do corpo, causando bolhas. Esta condição inclui subtipos como penfigóide bolhoso e pênfigo vulgar.
O penfigoide bolhoso é a doença bolhosa autoimune mais comum, geralmente afetando adultos mais velhos. É caracterizada por bolhas grandes e tensas que não se rompem facilmente.
Penfigoide bolhoso – Foto: Adobe Stock
Isso acontece porque o sistema imunológico produz anticorpos que têm como alvo as proteínas da pele, resultando na separação entre as camadas da pele e formando bolhas. Embora a causa seja desconhecida, certos gatilhos podem contribuir para o surgimento do penfigoide bolhoso:
- Medicamentos como furosemida e penicilina têm sido associadas ao desenvolvimento de penfigóide bolhoso.
- A exposição à luz ultravioleta pode piorar os sintomas da condição.
Os sintomas do penfigoide bolhoso incluem:
- Bolhas grandes e cheias de líquido que podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas são mais comuns no abdômen, coxas e antebraços.
- As bolhas são frequentemente acompanhadas de coceira intensa e desconforto.
- As áreas ao redor das bolhas podem apresentar inflamação e vermelhidão.
4. Pênfigo vulgar
O pênfigo vulgar é uma doença autoimune rara e potencialmente fatal. Ao contrário do penfigóide bolhoso, as bolhas no pênfigo vulgar são mais frágeis e se rompem facilmente.
Este subtipo ocorre quando o sistema imunológico cria anticorpos que atacam as proteínas responsáveis por manter as células da pele unidas. Isso resulta na formação de bolhas superficiais que são propensas a se romper.
Os sintomas do pênfigo vulgar são:
- Bolhas frágeis que geralmente se formam na boca, nariz, garganta ou áreas genitais e são rompidas facilmente, deixando feridas dolorosas.
- Feridas dolorosas na boca são os primeiros sinais da doença.
- Após a ruptura das bolhas, elas deixam erosões na pele, deixando vulneráveis a infecções.
Sintomas e sinais clínicos da dermatite bolhosa
Os sintomas e sinais clínicos da dermatite bolhosa podem variar de acordo com a doença, mas alguns sintomas comuns incluem:
1. Bolhas e erupções cutâneas
A característica mais especifica de todas as formas de dermatite bolhosa é o aparecimento de bolhas, que podem ser com líquido ou pus. Essas bolhas podem ser isoladas ou ocorrer em grupos e podem variar de pequenas a muito grandes. Uma erupção cutânea geralmente acompanha as bolhas, aparecendo como manchas vermelhas e elevadas na pele.
Bolhas e erupção cutânea – Foto: Adobe Stock
2. Coceira e desconforto
A coceira é um sintoma comum em muitos tipos de dermatite bolhosa, particularmente em condições como dermatite herpetiforme e penfigóide bolhoso. Essa coceira pode variar de leve a grave e geralmente piora à noite, levando a distúrbios do sono.
3. Dor e vermelhidão
Lesões dolorosas podem se desenvolver, especialmente quando as bolhas se rompem, expondo a pele subjacente. Ao redor das bolhas, podem ocorrer vermelhidão e inchaço, indicando inflamação. Em casos graves, a pele pode ficar extremamente sensível ao toque.
Diferença entre dermatite bolhosa e outras doenças bolhosas
A dermatite bolhosa é apenas uma entre várias condições dermatológicas que causam o surgimento de bolhas na pele. Por isso, entender as diferenças é importante para um diagnóstico correto e o tratamento adequado.
A dermatite bolhosa costuma ser uma reação da pele a agentes externos, como produtos químicos, medicamentos ou até o calor. As bolhas geralmente aparecem de forma localizada, e podem vir acompanhadas de coceira, vermelhidão e leve inflamação.
Mas outras condições podem se parecer muito com ela, como a dermatite de contato severa, que também é causada pela exposição a substâncias irritantes ou alérgenos.
Nesse caso, os sintomas incluem coceira intensa, vermelhidão, inchaço e, em casos mais graves, bolhas e lesões dolorosas.
Já as doenças bolhosas autoimunes, são condições em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente os próprios tecidos saudáveis, provocando bolhas mais profundas, persistentes e muitas vezes dolorosas.
O eritema multiforme por exemplo, é uma reação imunológica geralmente associada a infecções virais como a herpes, ou ao uso de certos medicamentos.
Infecções virais, como o herpes simples, estão entre as principais causas do eritema multiforme – Foto: Adobe Stock
A doença forma lesões em “alvo” (com centro escuro e bordas mais claras), podendo evoluir para bolhas ou feridas em mucosas, o que a diferencia da dermatite bolhosa comum.
O que ajuda a distinguir a dermatite bolhosa de outras doenças é a forma como as bolhas surgem (geralmente em resposta a algo externo), sua localização e os sintomas associados, como coceira e inflamação leve.
Já nas doenças autoimunes ou infecciosas, os sintomas costumam ser mais intensos, disseminados e acompanhados de sinais sistêmicos, como febre ou mal-estar.
Por isso, ao notar bolhas recorrentes, de causa desconhecida ou acompanhadas de dor intensa, febre ou lesões em mucosas, é importante procurar um dermatologista.
Causas e fatores de risco da dermatite bolhosa
A dermatite bolhosa pode ter diferentes causas, sendo as mais comuns de origem autoimune ou relacionadas a reações alérgicas e medicamentosas.
Em casos autoimunes, o próprio sistema imunológico ataca estruturas da pele, especialmente a epiderme e a derme, formando bolhas cheias de líquido.
É o que acontece em doenças como o pênfigo vulgar e o penfigoide bolhoso, que são tipos graves de dermatite bolhosa autoimune.
A dermatite bolhosa também pode surgir como reação a alérgenos ou irritantes, como:
- Produtos de limpeza ou cosméticos;
- Medicamentos, especialmente antibióticos e anti-inflamatórios;
- Picadas de insetos;
- Exposição a plantas tóxicas, como a hera venenosa.
A hera venenosa libera urushiol, substância que causa bolhas na pele por reação alérgica – Foto: Adobe Stock
Algumas condições aumentam o risco de desenvolver dermatite bolhosa ou pioram os sintomas:
- Idade avançada: doenças autoimunes da pele, como o penfigoide bolhoso, são mais comuns em idosos;
- Histórico familiar: pessoas com predisposição genética a doenças autoimunes têm maior risco;
- Uso prolongado de certos medicamentos, como diuréticos, antibióticos ou tratamentos biológicos;
- Outras doenças autoimunes, como lúpus ou artrite reumatoide;
- Exposição prolongada ao sol, que pode desencadear reações fotossensíveis em algumas formas da doença.
Como é feito o diagnóstico da dermatite bolhosa
O diagnóstico da dermatite bolhosa envolve uma combinação de exame físico, análise do histórico médico do paciente e exames laboratoriais, incluindo biópsia da pele e imunofluorescência.
O médico dermatologista avalia a aparência das bolhas, sua localização no corpo e o histórico clínico e familiar do paciente, para identificar possíveis causas e tipos de dermatite bolhosa.
Para confirmar o diagnóstico, podem ser solicitados exames de sangue, que ajudam a identificar inflamações ou alterações autoimunes e imunofluorescência direta, feita a partir de uma biópsia, para detectar a presença de anticorpos na pele.
A biópsia consiste na retirada de um pequeno fragmento da pele com lesão, que será analisado em laboratório.
Em casos suspeitos de reação alérgica, também podem ser feitos testes de contato (patch test), para identificar substâncias que desencadeiam a resposta alérgica e testes de fotossensibilidade, se houver suspeita de relação com a exposição solar.
O dermatologista é o especialista indicado para diagnosticar e tratar a dermatite bolhosa – Foto: Adobe Stock
Complicações possíveis da dermatite bolhosa
Se não for diagnosticada e tratada corretamente, a dermatite bolhosa pode levar a complicações sérias, como infecções secundárias e risco de cicatrizes permanentes.
Quando as bolhas se rompem, a pele fica vulnerável à entrada de bactérias, o que pode levar a infecções cutâneas e, em casos mais graves, infecção generalizada (sepse).
Além disso, as lesões mais profundas ou recorrentes podem deixar marcas visíveis, como cicatrizes e alterações na pigmentação da pele.
Por isso, é fundamental procurar um profissional de saúde para evitar essas complicações e garantir um diagnóstico e tratamento adequado.
Tratamento
Para que o tratamento seja eficaz, é preciso identificar o fator que desencadeou a dermatite bolhosa. Com base no foco do problema, será possível evitar o surgimento de novas bolhas e, até mesmo, de ocorrências futuras.
É muito importante ter acompanhamento médico para que o tratamento seja assertivo e não resulte em complicações. Medicamentos anti-inflamatórios podem ser indicados para amenizar a dor.
Além disso, é preciso fazer curativos diários nas feridas para mantê-las limpas, evitando infecções e colaborando para a cicatrização das lesões.
Cuidados com a pele e curativos indicados
Para cuidados com a pele em casos de dermatite bolhosa, é fundamental realiza a limpeza suave da pele com produtos sem fragrância, a aplicação de pomadas recomendadas pelo dermatologista e a proteção das áreas afetadas com curativos apropriados.
Em casos em que as bolhas se rompem ou há formação de erosões (feridas abertas), o uso de curativos avançados pode fazer toda a diferença no processo de recuperação.
Nos casos em que as bolhas formam lesões, a Membrana Regeneradora Porosa Membracel é bastante indicada, pois acelera a cicatrização da pele. Por conter poros, a membrana permite a drenagem do excesso de exsudato, a oxigenação da lesão e mantém a umidade no leito da ferida, proporcionando o ambiente ideal para a formação do tecido de granulação, etapa essencial do processo cicatricial.
Além disso, permite a limpeza com soro fisiológico através dos poros, não necessitando de trocas diárias, o que promove mais conforto ao paciente e não prejudica o tecido já formado.
Quando há lesões na pele, a Membracel acelera a cicatrização – Foto: Divulgação
Alimentação e hábitos que auxiliam no controle da doença
Uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável podem fortalecer o sistema imunológico, reduzir inflamações e melhorar a recuperação da pele.
Portanto, uma alimentação anti-inflamatória deve incluir:
- Frutas e vegetais, ricos em antioxidantes e vitaminas, como vitamina C e E;
- Peixes ricos em ômega-3, como salmão, atum e sardinha;
- Oleaginosas, como nozes, amêndoas e castanhas, que também possuem ação anti-inflamatória, mas em quantidades moderadas;
- Grãos integrais, como aveia, quinoa e arroz integral;
- Sementes, como chia;
- Chás naturais, como camomila, hortelã e chá verde, que ajudam a acalmar o organismo.
É recomendado buscar orientação médica ou nutricional, já que a dieta anti-inflamatória pode variar conforme cada pessoa – Foto: Adobe Stock
Além da alimentação, outros hábitos também podem ajudar no controle da dermatite bolhosa:
- Hidrate-se bem, bebendo água ao longo do dia;
- Durma o suficiente, pois o sono é importante para a regulação do sistema imunológico;
- Evite o estresse crônico, que pode ser um gatilho para crises em doenças autoimunes;
- Pratique atividades físicas leves e regulares, que melhoram a circulação e a resposta imunológica;
- Evite exposição a produtos químicos ou substâncias que possam irritar a pele, mesmo durante o uso de produtos de higiene ou limpeza;
- Não interrompa o tratamento médico, mesmo com melhora dos sintomas.
Manter esses cuidados no dia a dia contribui não apenas para o controle da dermatite bolhosa, mas para o bem-estar geral do corpo e da pele.
Prevenção
Algumas atitudes e cuidados adicionais podem evitar a dermatite bolhosa. Veja quais são elas:
- Lave as roupas com sabão neutro;
- No trabalho, sempre que necessário, utilize máscaras, luvas ou outros equipamentos de proteção pessoal;
- Não se exponha a temperaturas extremas, seja frio ou calor;
- Evite contato com plantas e animais exóticos;
- Procure ficar longe de produtos químicos, tintas e produtos com cheiro forte;
- Mantenha boa higiene pessoal.
A higiene adequada é essencial para prevenir complicações – Foto: Adobe Stock
Na maioria dos casos, a dermatite bolhosa é de fácil tratamento, porém, é preciso ter muito cuidados para que as bolhas e lesões não evoluam para situações mais graves, como infecções.
Dessa forma, procurar atendimento médico logo no início da doença e dar início ao tratamento indicado o mais breve possível, faz com que as chances de cura aumentem significativamente.
Quando procurar um dermatologista
Saber o momento certo de procurar um dermatologista faz toda a diferença para evitar complicações e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.
É importante agendar uma consulta com um especialista sempre que:
- As bolhas forem extensas ou aparecerem em várias partes do corpo;
- Estiverem acompanhadas de coceira intensa, vermelhidão ou inchaço persistente;
- Surgirem feridas abertas, com risco de infecção;
- Houver febre, mal-estar ou lesões nas mucosas (olhos, boca, genitais);
- Os sintomas não melhorarem com cuidados básicos ou estiverem piorando;
- Houver histórico pessoal ou familiar de doenças autoimunes ou alergias severas.
Além disso, autodiagnóstico e uso de pomadas sem prescrição médica podem mascarar sintomas e atrasar o tratamento correto. Somente o dermatologista pode identificar com precisão o tipo de lesão, realizar os exames necessários e indicar a melhor abordagem para o seu caso.
Agora que você já sabe tudo sobre dermatite bolhosa, conheça as causas e tratamentos para bolhas na pele.
Antonio Rangel
Antônio Rangel
Enfermeiro Especialista Estomaterapia e Podiatria Clinica e saúde da Família |
Graduado em enfermagem pela PUC-PR |
Pós-graduado em Estomaterapia (feridas, incontinência e estigmas) pela PUC-PR |
Pós-graduado em Podiatria Clínica pela UNIFESP |
Pós-graduado em Saúde Coletiva pela UFPR |
Pós-graduado em Saúde da Família pela Faculdade Evangélica pela PR |
Enfermeiro Assessor Técnico da Vuelo Pharma até 2023 |
Professor convidado do curso de Estomaterapia da PUC-PR |
Enfermeiro referência para tratamento de feridas e pé diabético da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba